terça-feira, 28 de agosto de 2007

1981: A descoberta da Teologia da Libertação, encontro com a consciência de classe...

Era sábado a noite, tinha 17 anos...1981, ouvi uns cantos em coro desafinado vindo de algum lugar..., em meus pensamentos o barulho maior era das lembranças de nossa caminhada de família em busca de oportunidades, aquele apito do trem de 1976 movido a carvão..., a saudade de Andradina se misturava com a tristeza de estar distante também dos amigos da favela do São Marcos..."o que será que ocorre na rua 09? Como deve estar o Rodrigo, o sr. Armando, o Carlinhos, enfim todo mundo ali daqueles lados da favela?". Tinhamos acabado de mudar da favela do São Marcos para o Profilurb (Projeto financeiro de lotes urbanizados), uma política habitacional do Prefeito Chico Amaral...eram dois tipos de "casa": uma com um cômodo, outra com dois. Bom..., nem precisa dizer o que houve...todos que se mudaram trouxeram as madeiras, maderites, caibos, telhas de amianto (aquelas Eternit) e no fundo da parte de alvenaria se construiu outra parte da casa, de madeira...loucura meu...o conjunto habitacional virou um favelão que reunia famílias de várias favelas de Campinas..., voltando a noite...Estava sentado sobre a proteção do relógio medidor de agua, em casa naum tinha muro. Uma lua linda dividia minha vontade: voltar ao passado com as lembranças ou continuar a desfrutar o prazer de poder vê-la, lua linda...Desta vez o cântico se tornou mais forte...uma multidão subia a rua 53 em direção a caixa d'água, passavam bem em frente da minha casa...fiquei meio embasbacado com a vontade de todos, aquele som de coro todo desafinado...quando vi, lá estava eu acompanhando a novena...Novena era um jeito das Comunidades de Base levar a Igreja e a Evangelização pra dentro das casas da pessoas..., paramos numa esquina, na casa de uma senhora que mais tarde conheci como sendo Dona "Cida", era baixinha, forte, religiosa, solidária - uma guerreira...Tinha muitos jovens, entre eles, dois se destacavam: o Luís Augusto, magro como um pé de cana, e o Nivaldo - um moreno claro destes descendentes de caboclo pernanbucano, que mais tarde se tornou colega de trabalho na Unicamp. Eles liam passagens da Biblia e faziam comparações com o momento da realidade que viviamos. Falavam de um Cristo que tinha opção pelos pobres, pelos oprimidos e que a salvação passava por esta opção pela igualdade, pelo compromisso de transformação social que os Cristãos deviam ter frente as injustiças sociais. Luis Augusto tinha mania de falar sobre uma pirâmide social, "aqui na base estão os oprimidos, os pobres, o povo de Deus" , dizia sempre que a riqueza era fruto do egoísmo e da exploração sobre a maioria pobre e que Jesus foi crucificado por se um homem que lutava por amor entre as pessoas, por um mundo sem explorados e exploradores...Eles me convidaram pra missa de domingo e reunião do grupo de jovens...Quando dormi naquela noite, senti que tinha descoberto algo, derrepente passei entender os motivos da pobreza, da riqueza e que tinha que estar de um dos lados, na luta em favor dos oprimidos. Oras, eu descobri ali todo o motivo de nossa pobreza e me tornei naquela noite um soldado da classe popular do qual fazia parte, um religioso obediente de Cristo...No dia seguinte iniciou-se uma jornada que me trouxe até aqui...A presidência da Associação de Moradores, as oposições Sindicais, a Pastoral da Juventude, Operária, o movimento dos desempregados, a CUT, PT, ASSUC, STU...as orações na comunidades, os gritos nos megafones pelas ruas do Profilurb...tudo fora apenas um complemento daquela noite..., está presente em cada ato, em cada momento de enfrentamento em que estou sempre firme, ousado... na opção pelos mais fracos...Eu descobri a Teologia da Libertação, fiz uma opção de vida...uma história de lutas que naum tem fim, morrer pela justiça, viver pelas igualdades...nossa, parece aquelas bandeiras intermináveis da década de 80..."o inicio foi mais ou menos assim..."

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O tempo simplesmente voou e hoje Ele tem 18 anos...

Voltamos pra casa naquela tarde e tudo correu quase como imaginei... Lula num foi eleito presidente, conquistamos a ASSUC com a idéia do "É Proibido Proibir", fundamos até um Sindicato e nos tornamos referência na pluralidade de idéias...a revolução num veio, lógico. Mas tudo correu muito depressa, em segundos foram meses e parece que em semanas: anos se foram. Meu filho já tava gatinhando, logo andando...parei pra observar e ele já estava no ginásio...epa: pára, páre já este tempo! ...Passado as dificuldades da gestação: Helena sempre forte e os Médicos do CAISM perfeitos... Depois..., de 0 a 06 anos ele foi uma criança comum...no inicio muito quetinho e comportado, se tornou um garotinho consumista, chorou por brinquedos nos nossos passeios, adorou vídeo game, jogamos juntos aquele do "mário" e um outro que parecia um coelhinho, (memória ruim a minha)...Acordou sempre bem cedinho, desde os 04 meses frequentou as escolas da Unicamp: primeiro a creche, depois o Prodecad e mais tarde a Escola Estadual de Primeiro Grau Sérgio Porto. Ele já tava na quinta série, a bem da verdade, tinha lá umas dificuldades enormes com o português...Com 09, ou 10 anos, leu seu primeiro livro, um de quatrocentas páginas. Pena que naum foi eu que comprei, "num quiz jogar dinheiro fora", pra váriar... quebrei a cara! Helena comprou o livro que tirou lágrimas e birras dele ali no Tille Center em Barão. Custou uns 70 paus, valeu a pena! Começava ali o gosto pela literatura, por artes, teatro. Agora, além de gastar a mesada em livros, vez ou outra, ainda tira alguns bons trocados meus pra financiar as obras que gosta ler. Ele se tornou um escritor de coisas gostosas de serem lidas, (http://www.mostrealingua.blogspot.com/), um obcecado por literatura, desejando inclusive fazer o curso de Estudos Literários na Unicamp......(O final deste texto é uma mensagem pra vc, meu garoto...) "Seriam tantas coisas pra lhe dizer e descrever meu filho.., mas o dicionário está pobre em palavras e contextos pra ser fiel a tudo que vc é pra mim...entaum, fica aqui o meu sempre Te amarei..., a propósito: Feliz 18 anos! Seja bem vindo ao clube dos adultos...espero poder continuar ouvindo seus conselhos, sua sabedoria faz toda diferença...grande bj de seu pai! Olha, naum esqueça...vc pode mudar e conquistar o mundo com esta sua auto confiança... Acredite sempre em tudo que quer...é só desejar e lutar que vc consegue. Vá em frente! O mundo é de quem Sonha..."

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Ser pai de um garoto de 18 anos...

Um dia que poderia ser ontem...estava a espera de uma carona de um amigo que me prometera pegar ali em frente ao Correio Popular, na Norte Sul. O tempo estava meio sol, meio nublado, uma mistura de dia claro com a luz do sol sendo ofuscada pelas nuvens brancas...imagino que era próximo de 11hs, pouco mais, pouco menos. Estava ansioso. Tinha deixado um berço todo arrumadinho no único quarto da casa de fundos que morávamos na Rua Mogi das Cruzes da Chácara da Barra. Pintei-o de cor de areia e de certa forma combinou com a cor branca das paredes...o berço viera de uma amiga da Helena que trabalhava com ela na DGRH. A amiga, a quem devemos esta ajuda naquele momento, ainda circula pela Unicamp, deve trabalhar na Engenharia Elétrica e na última eleição que concorri a representante no Consu ela chegou a fazer campanha pra que eu me elegesse. Eram dois ou três dias depois de 24 de agosto...24 de agosto...um dia muito esperado...tinham sido quase 40 semanas que se iniciou em final de outubro ou novembro do ano de 1988. Naquele ano viviamos a expectativa de eleger um metalúrgico pra Presidente do Brasil e na Unicamp tinnhamos esperanças de reconquistar para o movimento combativo a ASSUC, (Associação dos Servidores da Unicamp). Dois objetivos que faziam do militante Miguel, um garotinho maluco e sonhador que enchergava a revolução a um palmo dos seus olhos, em cada acontecimento). Era um tempo de solidariedades, de sonhos que não se sonhava só, de esperanças coletivas e de lutadores que morriam por suas causas justas e igualitárias..., enfim, eram outros tempos...O carro do amigo chegou, naum me recordo qual deles foi - sempre tive muitos - acho que era algum do CEMEQ - na época uma causa nos fez muito próximos de vários companheiros de lá...Abriu a porta, cumprimentamos e seguimos via a Nortel Sul em direção ao Norte, ou seja ao CAISM. Foi tudo muito rápido, derrepente já estava subindo a rampa e logo em seguida abrindo a porta onde dei de frente com Helena e aquele garotinho que já era grandioso no cabelo enorme que escorria sobre o rosto e o cumprimento invejavel de quase 60 cm..., olhos negros, pele lisa e cheiro,...há..., aquele cheiro delicioso de bebe...peguei-o no colo, beijei com todo meu amor e prometi pra mim que jamais deixaria nada de ruim lhe acontecer...(a história continua...)

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Quase morri no verão de 72...

Triiimmmm..., o sinal do intervalo tocou e saimos da classe como se estivessemos disputando os 100 metros livres. Não fiquei tão atrás na fila...peguei o pãozinho e o suquinho, sentei ao lado do meu amigo Hiroche, um japonezinho que tinha o hábito de comprar de volta a bolinhas de gudes que perdia pra mim nos jogos do triângulo, matadinha e buraco. Enquanto eu usava um "Conga", Hiroche calçava um Tênis de verdade, todo de couro. Trazia na lancheira sempre um sanduíche de presunto e queijo, um guaranazinho e as vezes, imaginem, uma maçã argentina. Na época a maçã custava a peso de ouro. Não atoa éramos amigos, além de dividir o lanche comigo, ele perdia todas as bolinhas de gud. Ele comprava aquelas azuzinhas que vinham num garrafão grande. Naquela tarde de verão, tivemos que entrar rápidamente pra dentro do prédio da escola. Uma ventânia sacudia tudo, levantava a pueira do pátio e fazia aqueles redemoinhos em que os papéis, plásticos e folhas giravam por todos os espaços abertos. Era uma chuva daquelas que se ameaçava. Pros lados da minha casa nuvens escuras vinham como se o mundo fosse acabar em vento, "parecia que vinha um dilúvio" foi o que imaginei. Entramos todos, ficamos nas janelas das classes e a tempestade que se aproximava deu uma volta e nenhuma gota caiu em volta do Francisco Teodoro, minha escola...O sinal de fim de período tocou como sempre ás 17hs. O Hiroche queria ir jogando bolinha pelo caminho de volta pra casa, ele morava a quatro quadras da minha casa. Pra passar na casa dele eu teria depois que vir pela Rua Paraíba e cruzar o Riacho que atravessava a "rua". As chuvas frequentemente fortes de cada ano estorava as canalizações do Riacho. De matadinha a matadinha, eu era um certeiro, tinha uma pontaria impecável, acabei ganhando quase todas a bolinhas do japonês. Ele ficou na casa dele e eu segui o caminho rumo a rua Paraíba. Eu estava muito feliz, vim cantando e pulando pelo caminho...ao chegar no riacho, aquele buraco enorme, fui descendo cautelosamente pra não escorregar e cair de cabeça dentro da água...quando cheguei lá embaixo, dei um salto e pulei a correntezinha. Olhei pra água e vi um monte daqueles sapinhos pretinhos...coloquei os cadernos sobre uma parte de grama e comecei a tentar pegar alguns pra levar comigo...eu senti que a correnteza começou a aumentar aos poucos mas não liguei, continuei ali. Em questão de segundos o Riacho virou um rio, tentei subir o barranco mas fui pego pela correnteza. A chuva que não tinha caído pelos nossos lados havia transbordado em grande proporção quilometros acima do Riacho. O buraco se tornou uma enorme lagoa, com uma forte correnteza, tentei com todas as minhas forças sair mas não consegui...engolia muita água e perdi os sentidos...Eu já estava partindo pra outras bandas... Alguma coisa segurou minhas mãos e me puxou pra fora do buraco...uma delas pressionou minha barriga e vomitei sem parar toda água que bebi...Elas perguntaram: " Vc está bem?"... " Vc está bem?"...Me recuperei aos poucos...pude ver 03 garotas, do mesmo tamanho, pareciam iguais. Elas vestiam saias de pano xadrez de cores azul e branco, com camisas totalmente brancas. Naum vi os rostos, num deu tempo de agradecer, nunca tinha visto elas por ali. Quando estava conseguindo me levantar elas já tinham ido, estavam sumindo na subida da rua Paraíba, sentido contrário da cidade, em direção ao campo...Foi neste momento que percebi que talvez elas não fossem moradoras da região...Da mesma forma rápida, inesperada que tinham surgido e me tirado da água, partiram sem se apresentarem e nem me permitiram agradecer...Naquela tarde quando cheguei em casa nada contei a minha mãe e meus irmãos, apenas disse que me molhei com a chuva que caiu enquanto vinha da escola. Um tempo depois contei pra mamãe o que tinha acontecido, ela me respondeu: "eu já sabia"..."já tinham me contado"..."E vc conhece quem lhe tirou da agua, vc viu o rosto ?"...Respondi que não, apenas sabia que eram 03 garotas vestidas como o mesmo tipo de roupa, nada mais...Minha Mãe ficou em silêncio e nunca mais falou sobre o ocorrido...

sábado, 18 de agosto de 2007

O pesadelo de infância...

Aparecida já tinha morrido, restaram nós...10 irmãos, já não morava mais na fazenda Cafiera à beira do rio "Feio". Da cidade de Castilho ficou apenas a Certidão de Nascimento que papai e mamãe guardava numa gaveta dum guarda roupa velho que se espremia em nosso quarto pequeno com duas beliches de casal. Dormiamos em 04 meninos em cada uma delas. Minhas irmãs tinha uma cama só pra elas. A cidade de Andradina, a maior da região...era inicio da década de 70...na rua Santos Dumont a energia elétrica chegava a três quadras onde ficava nossa casa. De vizinhos...tinhamos a Família "Gurutuba", o Sr. José e o pai dele que mais tarde morreu sentado no banco localizado na calçada, onde costumavamos ouvir suas histórias. Dona Olinda e seus filhos, entre eles a Nana, (Rosangela), a primeira garota que beijei, uma morena de curvas de violão e traseiro impinado que roubou minha atenção na década de 80, quando já morava por Campinas, foi um complemento de nosso namorico de criança...A noite, na escuridão da Santos Dumont...a gente sentava a beira da fogueira sempre depois do jantar e ouviamos as histórias mais escabrosas e amedrontadoras. Dona Olinda era quem mais tentava nos deixar com medo, depois vinha minha mãe com sua paranormalidade, afinal era mamãe quem falava com os espiritos, até hoje ainda tem contátos com quem já partiu proutro lado...E como não podia ser diferente...na hora de ir dormir dava uma tremedeira só nas pernas, era só a mamãe apagar as lâmparinas e ai tudo se tornava um breu só, num dava pra ver nem a palma da mão...até dormir a impressão que se dava é que iria morrer de medo e ficava rezando pra que a luz do sol viesse logo...Não sei se era por isso..., mas talvez a razão seja outra..., hoje eu vejo as coisas como sendo tudo uma mensagem que ainda tento entender um pouco...se sucedia assim.., quando meus olhos se fechavam e eu mergulhava em sono profundo....derrepente, do nada..."abri os olhos, meu corpo misturava-se com outros, vestido com roupa de soldados, estava jogado no chão de um barracão, dos meus lados e também sobre mim soldados mortos, ensanguentados, com armas espalhadas por todos os cantos. O telhado do barracão está destruido, a luz do dia cruza os vãos misturado com fumaças escuras como se tivesse o local acabado de ser bombardeado...com medo de me levantar, de demontrar que estou vivo entre tantos mortos...tento encontrar um ponto livre no solo pra me apoiar e impulsiono meu corpo...não tenho lugar onde pôr meus pés, tenho que pisar sobre os soldados mortos...fico em desespero...pego uma arma, um fuzil...começo a caminhar tentando não pisar nas cabeças das pessoas mortas...cada passo é sempre em busca de um vão no chão...alcanço as paredes do barracão e saio por entre um dos buracos...do lado de fora... pilhas de soldados por toda a imensidão de uma planicie onde o capim se mistura a grama alta...sigo caminhando entre os mortos de uma batalha que estive presente...não há vencedores, só mortos...e caminho, caminho...e por mais que ande não consigo deixar pra trás o local da batalha...assustado, muito assustado..." Eu acordo... A luz da manhã invadindo os buraquinhos das tabuas de minha casa...Ouço o barulho de mamãe mexendo na cozinha, pulo da cama e corro até nosso fogão de lenha...um converseiro danado...é o de sempre... Olinda e minha mãe tomando café...tudo mais uma vez foi um pesadelo de todas as noites que me atormentaram até meus 10 anos de idade...depois disso vieram os sonhos que eu era o único que conseguia voar, ainda mais quando tinha ventania...e isto é outra história...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

As margens do rio "Feio" e as Traíras nas Taboias...

Posso me lembrar de cada um daqueles dias... A cidade, Ilha Solteira...Tudo planejado.., ruas, praças, pontos de comércio, árvores e inclusive as larguras e comprimentos de calçadas e quarterões. Na época nada disso fazia diferença pra mim. Com um pouco mais de um metro, idade de contar nos dedos da mão, cabelos amarelados de forma natural e um pouco também em virtude do sol quente que reina sempre por ali. A casa ficava ali no Passeio Salvador, no número 415. Bem em frente morava a Magali, uma garotinha moreninha que costumava sentar a duas carteiras da minha. Coelho era um moleque peralta que roubava nossa paz costumeira com suas esquizitices. Na escola nunca nos demos bem, afinal ele tinha aquele hábito de se achar o mais forte, machão e superman...Tanto que ninguem se metia a besta de enfrentar a fera. Quando batia o sinal corriamos ao portão, muitos queriam ir embora e outros iam pra assistir a próxima vitima daquele pivete maluco (não recordo o nome, só lembro do apelido: Coelho)...Era sempre assim...E foi numa destas brigas que acabei me tornando o melhor amigo dele. O garoto que apanhou no dia anterior trouxe o irmão mais velho, alto, forte - era já um adolescente, o "Vandi", (Vanderci era o companheiro de pesca do Domingos, meu irmão). Coelho já tava quase levando as porradas quando intervi..."Sai daqui Dié"! (era como me chamavam.., um estranho diminutivo de Leonel, na verdade um apelido que nunca gostei)...-Vandi...Poh... -Vandi...é meu amigo de classe..."Este zé mané bateu no meu irmão Díé...!" -Poh Vandi...é meu amigo...Aos poucos tudo foi se acalmando...Coelho pediu desculpas e jurou nunca mais tirar uma com o irmão de Vandi...Coelho nunca se esqueceu daquele dia...até no jogo de bolinha de gud eu sentia que ele gostava de perder pra mim...Anos depois...foi o Coelho que me disse que a Magali tinha uma queda pro meu lado, (paixão de criança), e mais: no baile do ginásio ele praticamente me pôs a dançar com ela (foi minha primeira música lenta abraçadinho...)...Mas de todas as coisas, o que não deixo nunca de esquecer foi quando fomos pescar sozinhos nas margens do "Feio". As margens eram ricas de árvores cheias de cipó, em determinados pontos as Taboias cobriam quase que totalmente a água, pedaços de troncos caídos sobre o rio se confundiam com as enormes Sucuris tão comuns por lá. Mas não eram as Sucuris que meu pai falava em seus contos de aventura na barragem de Jupiá, onde trabalhava. Papai falava pra nos amedrontar das "Urutucruzeiros", cobra que mata em 40 minutos ou aleja quando passa o efeito do veneno. Pois, nada disso nos impediu, e felizmente nada aconteceu. Coelho e eu fomos pro ponto de pesca onde meu irmão Domingos e Vandi costumavam ficar: tinhamos que nos equilibrar sobre o tronco fino pra chegar até uma quantidade tão grande de Taboias que flutuavam mesmo com o peso dos pescadores. Chacalhavamos os "Minhocusus", (minhocas enormes) sobre a água e chapssss! Era uma Traíra atrás doutra. Em menos de 20 minutos pegamos umas trinta, se me lembro bem...Em casa, meu pai aplicou um sonoro sermão. Ainda hoje soa pelos meus ouvidos as palavras de meu pai...O tempo passou, nós crescemos...me tornei um mané e o Coelho nem sei que fim deu...O Feio continua por lá, dizem que está igual, mas eu duvido...Qualquer dia dou um chute por aqui e vou la conferir...Não duvide Mané, pois: Mané por Mané eu sou mais eu..., o maior dos Manés, o Manezão...

sábado, 11 de agosto de 2007

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

"Entre tantos pais no mundo...Era você quem eu queria..."

Já tinha passado da hora...esquecia pela primeira vez de buscar minha lindinha no Sérgio Porto. Quase entrei em parafuso ao ser lembrado do esquecimento. Uma ligação no celular me fez esta "gentileza" ( ce sabe né mané?). Putz...Mudei a direção do fusca, segui as loucuras entre o ginásio e o IA. Tem coisas que são deculpáveis, algumas perdoaveis, e outras que até nosso coração se alia a nossa consciência...Quando isso ocorre meu...ce tá ferrado. E por mais que se diga isso ou aquilo, nada lhe convence de seu erro. Prevalece a sentença moral interna, o que chamamos de consciência moral, é um rolo compressor...Mas...esta é outra história, senti tudo isso... coisa de direito natural, deixa pra lá (bah! hahahaha! plagiando uma amiga de Sta Catarina, puxa!)...Contornei o balãozinho na Av. Prefeito Antonio Costa Santos e parei bruscamente o fusca, mal fechei...dei uma disparada pra ver a Sofia...Ela tava lá..., toda "tranquila", correndo pra lá, pra ká com uma amiguinha. Me viu: veio em uma arrancada só e se jogou em meu colo...Me encheu de bjs, tudo que eu precisava pra levantar o astral..Toda falante: "paiii, não sabia que era vc que vinha me buscar..." a mãe pediu filha...tá trabalhando ainda...Tagarelamos muito...bjs aqui, abraços e fomos pro fusca. Sofia pegou o presente dos dias dos Pais..."Pai..fiz pra vc: (olha só cara! Com aquela vozinha linda, aquele som..e leu do jeito que ela escreveu no cartãozinho que fez...) "Papai, Não sei como a mamãe sabia...Que entre tantos pais no mundo...Era você quem eu mais queria... Para o Papai, com beijos. Te amo...Sofia Lina Ruiz dos Santos". Cartão feito a mão, ilustrado com florzinhas e pintura de lápis de cor...Não me contive, lógico...e mais beijos na lindinha...é nestas horas que descubro minha riqueza...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Recebi a sua Carta, nem acredito...

Estou pasmo, como pôde? "Não foi nada". Confesso que fiquei muito descontrolado, uma emoçao sem tamanho. Por que fez isso? "Queria lhe fazer um carinho." Cê sabe quenão vai receber nada em troca. "Só imaginar sua alegria ao receber a carta do carteiro, escrita à punho, já me recompensa." É mesmo? "Sim!" Nossa..., vc é mesmo uma raridade. "Que isso, sou nada, gosto de dar alegria". Entaum.., mas tudo que escreveu é verdade? "Sim!". Nossa.., mas pensei que a Carta fosse apenas pra mim deixar feliz. "À principio era só por este motivo, agora sonho mais alto. E sonho é sonho, não é?" Eu nunca pensei que..."Por favor...vc não me deve nada, faz de conta que não lhe disse o que acabo de dizer" Oras..., como farei isso? "Olhe, pense assim...digamos que vc estivesse perdido num deserto, à beira da morte por sede e fome." Sei..."Então..., em algum lugar, uma pessoa que lhe ama muito te envia um gota d'água e um pedaço de pão pra que vc sobreviva"...Sim e daí? "Como e dai?" Eu não entendo o que vc está tentando dizer? "É simples meu amor...estou te dando uma possibilidade de vida, só isso..." Puxa, pensei que fosse me salvar no deserto? "Eu lamento..., ainda que lhe ame muito, é vc que está no deserto. Foi vc que se enfiou aí... Vai ter que sair daí com esta gota e com este pedacinho de pão"...Melhor mudar de assunto, não entendi nada. "Sinta sua sede, fome e está num deserto com o calor intenso do Sol como sua única companhia. Vai descobrir o que estou dizendo" Deixe disso linda...! Olha, como vc recomendou...eu comprei um pequeno frasco de vidro praquela flôr que quero cuidar. Vc acha mesmo que isso é bom? "Claro que sim meu lindo, claro que sim...Se vc mantê-la viva por mais dias que ela tem de vida natural." Puxaaa...vou tentar...Sei não, eu me conheço. Vc esteve mesmo na beira do rio? "Estive!" Viajou tudo isso só pra me descrever em detalhes as margens do Feio...? "Sim, na verdade não foi tanto tempo assim...06 horas de viagem no sábado, dormi naquele hotel que vc me descreveu. Acordei bem cedo no domingo, fui ao rio. Tudo é como me falou... amei o lugar. Almocei no único buteco de lá e quando foi às 14 resolvi voltar. Cheguei aqui as 19, tudo na maior tranquilidade". Puxa...nunca imaginei uma coisa dessa. Vc fazer isso...puxa... "Fique frio, curti a viagem. Trouxe algo de lá pra vc que ainda não posso te dar". O que é? "Uma história sua que só posso te contar quando chegar a hora certa." Mas qual a diferença de contar agora ou depois? "Vc ainda não está preparado e, depois..., prometi pra pessoa que me contou: só lhe revelar quando estivesse muito bem e tranquilo." Mas...eu estou ótimo! "Ainda não está, mas sei que ficará..., em breve lhe conto. Fica frio menino". Tudo bem entaum, vou esperar. Quando é queee... vai dizer seu nome? "Só quando vc descobrir o sentido de todas as minhas palavras. Tenho que ir...grande bj, adorei falar contigo de novo..." Peraíiiii! "Tiau...olha, falaram pra mim que vc sempre foi a mais santinho da Classe...tiau"...Peraiiiiiiiii!

sábado, 4 de agosto de 2007

William Shakespeare, Interpretação de Moacir Reis...

A GLOBO É UMA AMEAÇA CONSTANTE À DEMOCRACIA, ASSISTA...

Duvida cruel...

Eu ando meio preocupado com algumas coisas...todas as outras, toh nem aí: foda-se...! Mas..., tem coisas que num dá pra fugir...vc tem que decidir. Hoje é um dia destes...Já devia ter me mexido, no entanto, toh aqui parado com esta minha cara de mané. O que fazer? Ir ou não ir substitui "ser ou não ser"..., no caso aqui o final eu mudaria pra: ir ou não ir, diria, "eis o bestão"....hahahaha. Ai..., my God, preciso controlar mais meus sentidos. O fato é que horas de sábados devem ser todas prazerosas, trocá-las por qualquer outra coisa é pura ignorãncia...coisa de doente mazoquista. O que não sou..., com certeza! Eu já sei..., vou ligar pros meus lindos filhos e além de ouvir a linda voz de ambos, combino algo... e o resto que se exploda...hahaha!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Um dia daqueles...

Sabe aquele dia que tudo é do jeito que não é? Pois...Pra finalizar..., meu olhar ficou parado, perdi as palavras, fiquei em silêncio, só concordei daquele jeito de frustrado que num é dificil de se imaginar. O celular se desligou quase que sózinho, dei aquela famosa disfarçada...tiau pra todo mundo, até amanhan...papo assim de final de feira. Segui triste e sem rumo, tinha acabado de ganhar de presente (novamente!) aquela noite sem o ter bem o que fazer. Parei na saída do prédio, olhei pros lados, nada vi de importância: fiquei cego também diante de tudo que acontecia aqui dentro. Cheguei ao fusca e logo veio aquele sentimento de ver tudo pelo lado positivo: "desta vez tem gasolina", (ontem tinha acabado o combustivel ao ligar, nem saí da vaga do estacionamento do IEL, se não fosse minha miga Marluce...). Ver a vida assim sempre ajuda. O fusca me levava pra fora da Unicamp, o iel nem na lembrança. Cheguei ali no Tille Center, entrei a esquerda e parei no Posto de Gasolina: "antes da cerveja vou calibrar os pneus". Estacionou atrás de mim um Gol prata, destes tipo GIII, talvez um pouco mais novo. Uma garota de cabelos castanhos claros olhava fixamente pra mim (imagino). Nem dei bola! Estacionei o fusca ali em frente ao Macdonalds...olhei a 100% vídeo, queria ver uma coisa lá. Mas não vi! Desisti antes de chegar à porta de vidro. Voltei e segui firme, (nem tanto), em direção ao Pão de Açucar... Em frente a floricultura, o velho pensamento: "nossa"..., ".......". (Guardo só pra mim). No Pão, mais flores, mais pensamentos...no meio das frutas a laranja morcote toda amarelinha, acareciei: quase deu pra sentir o sabor na minha língua, engoli seco. " Se algum dia alguém quiser me agradar, (mesmo!), é só me dar uma laranja, se for Morcote melhor ainda. Amo laranja". Cabis baixo no balcão de comidas...Aline percebeu (a balconista do pão...), "pode ir pegar a cerveja Miguel eu passo aqui pra vc", completou logo em seguida, "de 300ml senão o chefe enche o saco, aqui não é boteco". Pedi pra ela pesar 02 conchas de arroz a grega e colocar um pedaço de lazanha. Enquanto pesava, fui as bebidas e peguei uma garrafa de cerveja de 470ml. Aline riu..."tudo bem" passou no cx... Tomava a cerveja querendo que ela fosse uma fonte de adrenalina, cada gole me levava pra um lugar distante no passado. Nem quero citar o que me ocorreu naquele momento, parecia dias de juizo final. Help...! Logo fui pra algo mais gostoso: os dias que trabalhava das 14 às 23hs. Que delicia! Todo dia de manhan pegava minha magrela e andava por aí...Barão era sempre pequeno... Terminava quase que sempre ali sentado nas mesinhas..., lendo o jornal FSP, Correio e batendo papos com os guardas, balconistas ou algum cliente do Pão que acabava conhecendo. Foram muitas amizades e bons papos que fiz. Hoje o tempo tá meio escasso, principalmente de manhan, e a magrela tá lá encostada na parede do quarto..."preciso voltar a fazer isso, eh bom demais"... Andei pelo Mercado..., peguei 08 Morcotes e fui ao local dos vinhos. Aquela morena que dia destes falou aquilo que nem quero mais repetir, (afinal naum sou papagaio), abria um litro de vinho tinto Chileno de marca "Reservado". Ela: "Oi"..."Tudo bem?" "Aposto que voltou com a namorada!" Pedi pra experimentar o vinho e cabei tomando 03 tacinhas. Delicioso! Mas..., juntando: Uma cerveja de 470ml mais 03 tacinhas de vinho (como sou fraco pra bebida!)...fiquei tonto e como tonto não resisti e levei uma garrafa do tal vinho pra casa. Táqui em casa...E pra acabar de vez com este dia daqueles, quando ligo a TV, no telecine, o melhor filme é o "Oitavo Passageiro"..., tive que assistir..., afinal..., chupar laranja Morcote pra mim é como comer pipoca sentado no sofá: sem ter o que fazer...Num dá né?....Ô dia..., Ô noite...amanhan será melhor, e como será, espero que o coração reconquiste o espaço que lhe é de direito...É isso mané...amanhan é amanhan e hoje é hoje, entaum: hoje naum é amanhan...né?